sábado, 20 de abril de 2024

Ataru




Um homem portador de Savant perdido em Tóquio, uma policial em busca de respeito e reconhecimento. Essa mistura improvável rende um dos melhores dramas de investigação, que marcaram a televisão japonesa, deu origem a um filme e ainda hoje é recordada com carinho.

Inoguchi Ataru (Nakai Masahiro) é portador da síndrome de Savant, uma condição onde pessoas com deficiência intelectual possuem habilidades excepcionais em áreas muito específicas, no caso Ataru é um detetive nato, capaz de reconhecer pistas onde outros enxergam apenas eventos comuns.



Ebina Maiko (Chiaki Kuriyama) é uma jovem policial rapidamente promovida para a divisão de homicídios, por trás de sua promoção está sua beleza, a moça estrelou uma série para divulgar a polícia, ela é tratada como uma jogada de marketing, mesmo sendo muito capaz e determinada.



Quem conhece bem a capacidade de Ebina é o tenente da homicídios Sawa Shinichi (Kitamura Kazuki), que tenta convence-la a continuar na polícia, enquanto apoia suas investigações, mesmo quando as mesmas apontam para o contrário. Sua relação com Ebina é peculiar, pois mesmo sendo seu superior, muitas vezes ele a obedece, graças ao seu gênio difícil.



O caminho dos três se junta no primeiro episódio, Ataru chega ao Japão acompanhada de uma figura oculta, Ebina está cansada de ser subjugada e pede férias, seguida de demissão, Sawa tenta faze-la reconsiderar sua decisão. Eis que um incêndio ocorre com uma vítima fatal.

Tudo aponta para um acidente, só duas pessoas discordam Ebina e Ataru, ambos começam investigações paralelas. A primeira sente que existe algo de errado, já o segundo enxerga pistas onde ninguém mais viu. Os dois se encontram.

Aqui começa a parte cômica, Ebina percebe que Ataru sabe alguma coisa, mas não sabe o que e nem como desvendar suas falas. Ele dá pistas que devem ser construídas, muitas vezes essas pistas estão em inglês e outras em japonês.



Ebina decide ficar ao lado daquele homem e o levva para sua casa, onde começam a conviver, em ótimas interpretações, Ebina não consegue decifrar seu novo amigo, enquanto tenta ser paciente, mesmo que ela tenha uma personalidade muito difícil.

Ataru ignora convenções, normas sociais ou costumes japoneses, ele é sistemático e tem uma dieta feita a base de sopa de curry e hot dog, que diferem do vendidos em Tóquio. Ebina quase tem um um surto tentando dar para ele um udon de curry, explicando que basta ele tirar o macarrão.

Com a convivência surge uma amizade, contudo ambos possuem mistérios em sua vida. Quem é Ataru? Quem o trouxe para o Japão? Pelo lado da Ebina ficamos sabendo que sua mãe cometeu suicídio, fato que a mudou. Como foi essa mudança? Seu pai disse que ela nunca foi a mesma. A morte de sua mãe deixou uma necessidade de explicar os fatos, ela não aceita abandonar uma investigação sem ir o mais longe possível.



Em cada episódio acompanhamos um caso diferente, a ser desvendado pela polícia, Ataru tropeça nesses crimes, identifica um assassinato e Ebina compra a investigação, enquanto ela precisa decidir se vai ou não deixar de ser policial, enquanto lida com os fãs e um colega apaixonado.


União de dois mundos


Um dos grandes clichês das séries americanas é quando uma pessoa improvável vira consultor da polícia e com grande genialidade soluciona os casos: Castle, Psych e Elementary são bons exemplos.

Ataru é a versão nipônica, aliando comédia com investigação, ambos os pontos são equilibrados, Ebina é uma mulher dedicada, de temperamento forte, que não aceita fazer as coisas de outra maneira senão a sua, já Ataru não compreende certas ideias subjetivas e suas ações seguem um único padrão, obrigando Ebina a se adaptar.

A moça possui conflito com outros policiais, principalmente Nozaki Hasuo, um inspetor de polícia, que não aceita a moça como policial ou as ordens de Sawa, que sempre são confrontadas.





No restante da delegacia temos momentos que remetem a Loucademia de Polícia, a ponto de nos questionarmos como a polícia japonesa funciona! Sério as ordens superiores são investigar só quando não for possível deduzir, a legista vive em licença maternidade, pois tem seis filhos, os policiais são atrapalhados.

O outro polo é a família de Ebina, seu pai e irmão (estudante de medicina) convivem com ela e Ataru, lidando com as crises nervosas de sua filha quando acabam os croquetes, sua comida preferida.


Sucesso no Japão



Ataru foi exibido pela TBS, uma das principais emissoras japonesas em 2012, no horário nobre, domingo as 21 horas, somando 11 episódios, no ano seguinte foi feito um filme Ataru First Love Last Kill, onde uma nova série de assassinatos acontece, trazendo uma figura do passado de Ataru.

A série aborda temas densos como assassinato, abuso sexual infantil, traição, suicídio, equilibrando o nível de tensão com a comicidade. Não se enganem o tom cômico está lá para aliviar e não inibir o clima tenso, que está presente na obra.

Temos muitos posts sobre a atriz Chiaki Kuriyama, Ataru trás uma de suas melhores interpretações, a moça possui uma veia cômica muito afiada, porém sebe transmitir dramaticidade e Ataru foi um dos trabalhos que a ajudou a mudar de patamar no Japão, deixando de ser vista apenas como a ninfeta assassina de Kill Bill ou Azumi 2.

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